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terça-feira, 21 de abril de 2015

Educação vem de casa
William Paulo

“Pode investir em estrutura, em coisas matérias, trazer para a escola o que há de mais moderno na tecnologia, pode o governo dar dinheiro e bolsas para a juventude, e mesmo assim, continuaremos uma sociedade doente, com uma educação ineficaz, incapaz de construir conhecimento e encontrar a liberdade”.

Quando se fala em educação a primeira coisa que vem na mente é uma escola, professores, cadernos, livros, metodologias e elementos dessa natureza.  De alguma forma, o verdadeiro conceito de educação foi deturpado ao longo de nossa história. Raramente alguém pensa na família como principal elemento na formação do cidadão, do estudante, da nossa clientela em sala de aula.  Mas é importante enfatizar que é no seio da família, composta por referenciais, autoridades, modelos de conduta, que a criança aprende e assimila valores, princípios, padrões de comportamento e outros códigos necessários para o bom convívio em sociedade. Em suma, a família além de célula da sociedade é também fábrica de cidadãos, e porque não dizer a primeira escola? São naqueles primeiros momentos que serão definidos o caráter do indivíduo, sua identidade, o modo como vê o mundo e a si mesmo.  Pois bem, acontece que a família tem falhado em seu papel, isso quando há família, pois temos observado todo um processo de desestruturação familiar e anomalias modernas. Filhos sem pai, meninas que serão mães sem nenhuma condição física, psicológica estrutural, filhos rebeldes que não reconhecem a autoridade dos pais, some-se a isso as chamadas “novas modalidades de famílias”, que são na verdade caricaturas de famílias, ou seja, uma forma sarcástica de zombar da família tradicional uma vez que essa é um projeto divino e cristão, e por aí segue o quadro que você já conhece bem. E o resultado gerado será nada menos que um caos social, uma geração sem afeição ao próximo, imoral, guiada pelos seus impulsos mais animalescos, sem regras, sem freios, uma geração cada vez mais suscetível à depressão e ao suicídio e as drogas, uma geração assassina, e você que é professor sabe que a praxe educativa na rede pública é repleta de riscos. Não é por acaso que no Brasil chegamos aos terríveis patamares de 56.000 homicídios por ano, e em 2012 mais de 18.000 jovens assassinados, são jovens que matam e morrem. Esse é o fruto que temos colhido.
Ouço por aí ideólogos e palestrantes dizerem que precisamos urgentemente introduzir novos valores e princípios em sala da aula. Mas pergunto que novos valores são esses? Quem ditará esses novos valores? Como uma instituição que tem por objetivo instruir pessoas no âmbito profissional vai tomar para si uma função que não lhe cabe, que está sendo negligenciada? Não quero dizer, contudo que não é possível ensinar princípios para os alunos, mas alunos não são filhos, eles não pertencem à escola, não são propriedades do estado e nem do ministério da educação, muito menos das fundações internacionais como a ONU ou UNICEF. São de quem os fizeram, ou seja, de um pai e uma mãe.  Acontece que a escola e o estado acabam tomando para si uma função que não lhes pertencem e o resultado dessa empreitada é um total desastre na educação como apontam os dados internacionais. Com relação a valores e princípios na escola, ela pode sim transmiti-los na medida em que for possível embora não seja sua função, mas houve tempo que se ministravam aulas de religião, moral e cívica, via-se o crucifixo na escola, o estudo da bíblia, a autoridade do professor e a direção era mais respeitada, ou seja, o aluno estava mais consciente do sistema hierárquico no qual estava inserido.  Isso há três ou quatro décadas atrás, quando tínhamos uma educação espetacular, bons escritores, referenciais na literatura, filósofos de renome, o crescimento econômico do país atingia números nunca vistos.  De lá para cá o que se tem visto é uma lenta e gradual degradação no sistema educacional, onde aos poucos a autoridade escolar tem sido suprimida e o adolescente com seus caprichos passa ser a nova autoridade e isso com suporte inclusive do estado que na tem servido como um péssimo exemplo, e os escândalos de corrupção e roubo estão aí à tona, quase que diários na mídia, e querem educar nossas crianças, querem ditar o que é melhor para nosso futuro, um governo que tem aversão ao conhecimento, como certo ex-presidente disse que tem preguiça de ler. Essas são as pessoas que estão à frente do ministério da educação, com leis que cada vez mais criminalizam a autoridade dos pais, dos professores, da polícia e toda e qualquer forma de autoridade ou modelo patriarcal.  Ou seja, é a sistematização do caos social, é a destruição da educação de forma deliberada, como um projeto e meta. E estamos aí diante de um número alarmante de analfabetos funcionais, de uma nação que não sabe distinguir entre o certo e o errado, com seu padrão de julgamento moral totalmente deturpado, e essa situação favorece por demais os governos corruptos, pois para um povo nesse estado a corrupção passa a ser algo normal, corriqueiro, cultural e até mesmo necessário. É a total degradação intelectual e espiritual de uma nação, é a cegueira dos que tem olhos, é inversão da realidade em todos os seus aspectos. É uma nação de lunáticos. O meu povo foi destruído por falta de conhecimento, disse o profeta Isaías. A coisa é tão absurda que é difícil ser aceita, mas é precisamente isso que estamos vivendo, e por ser tão monstruosa tão amorfa e imensa que muitos preferem não pensar no assunto.
Não é algo fácil de concertar, e nem tão pouco da noite para o dia, certamente levará décadas, isto é, se o Brasil decidir ir pelo caminho certo, mas diante de tudo que foi exposto, qualquer tentativa de solução do problema obrigatoriamente tem que começar na raiz, ou seja, na família. Pode investir em estrutura, em coisas matérias, trazer para a escola o que há de mais moderno na tecnologia, pode o governo dar dinheiro e bolsas para a juventude, e mesmo assim, continuaremos uma sociedade doente, com uma educação ineficaz, incapaz de construir conhecimento e encontrar a liberdade. Pois muitos se esquecem de que o ser humano não é só matéria, é também alma, espírito. Não foi por acaso que Jesus Cristo disse “buscai em primeiro lugar o reino de Deus”, ou seja, lembre-se primeiro da sua alma, do imaterial, daquilo que não é palpável, incorruptível, eterno, que não se gasta do interior, daquilo que define o exterior. 

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