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sexta-feira, 8 de maio de 2015

O AMOR SEM MÁSCARA E A MULTIDÃO SEM ROSTO

Escrito por Paulo Souza

Dentre seus diversos atributos, o amor jamais se alegra com abusos, com a injustiça, com atitude despudorada, com a exploração alheia em detrimento do ganho próprio. Não obstante, o verdadeiro amor sempre busca o bem do outro e com viés para a verdade mesmo que isso faça sofrer o nobre coração de quem o faz”.
 

Vivemos em um mundo em que a palavra amor tem se tornado um tanto quanto estranha e deturpada de seu real caráter. Mundo cada vez mais embrutecido pela luta em busca da sobrevivência,pela conquista desmensurada da matéria, pela busca constante do prazer irresponsável e egoísta. As pessoas, em meio a este cenário, se digladiam, se traem e se matam. Diante de tão desesperador quadro, o amoré um singelo e inconveniente facho de luz que denuncia, massobretudo, nos faz repensar o quão distante estamos dele.

O fato é que o verdadeiro amor em sua essênciafoi deturpado na mente cauterizada de boa parcela da humanidade, não porque o verdadeiro amor seja limitado e impotente, mas porque ela assim o quis, pois prefere a mentira, a conveniência hipócritainerente ao curso deste século. É impossível amar quando essa atitude vem desacompanhada do anseio pela verdade, pela justiça e por tudo aquilo que é naturalmente bom,e o amor por natureza traz em seu bojo essas qualidades. Senão vejamos; como pode estar presente o verdadeiro amor, (não me refiro ao amor Eros) se não penso no bem do meu próximo seja quem for? O verdadeiro amor redunda em benefício alheio, sobretudo. Eis a essência dessa virtude ímpar. O que a grande mídia e seus “outdoors” nos apresentam não é definitivamente e nunca será amor.  Aliás, assim chama-lo já o põe em vitupério.

O que os “maquiadores” da realidade nos apresentam é troca de emoções baratas e fajutas, baseadas em mera troca de favores para satisfazer necessidades e conveniências carnais, profanas e paixões efêmeras e assim, erroneamente, ensinam um arremedo deamor aos incautos e iludidos dessa geração.

Dentre seus diversos atributos, o amor jamais se alegra com abusos, com a injustiça, com atitude despudorada, com a exploraçãoalheia em detrimento do ganho próprio. Não obstante, o verdadeiro amor sempre busca o bem do outro e com viés para a verdade mesmo que isso faça sofrer o nobre coração de quem o faz.  Não é difícil perceber que o amor em si não gera confusão e não é complicado nem tão pouco inacessível à despretensiosa mente humana, todavia o mundo não foi capaz de entender conceitos tão simples e triviais. Mundo esse que evoluiu em muitas áreas do conhecimento outrora inimagináveis, mas paradoxalmente, se vê incapaz de experimentar o amor verdadeiro e dessa forma sangra e agoniza sobre o concreto das ruas da indiferença.

Deus, o Bem Supremo, não pode ser visto pelo olho físico nem tão pouco medido ou ser quantificado por métodos científicos, mas o ser humano, por mais simples que seja,pode assumir em seu próprio semblante as feições e traços do Supremo Ser única e exclusivamente exercitando e praticando o amor. O amor é o ápice da inteligência e do elevo espiritual, é bálsamo que alivia a dor, é a linguagem que desconhece barreiras, sejam elas culturais, geográficas ou sociais. É a linguagem da alma, perfeitamente entendida por ela, uma vez que esta foi naturalmente feita para amar, desde que não esteja corrompida pelos vícios mencionados acima.

Não se pretende, em tão curto texto, dar uma resposta de modo a abarcar o amor como um todo. Vai muito além do que a limitada, porém sincera tentativa desse que vos escreve, em trazer de forma lógica, (se é que assim o podemos conceber) o que é amor. É comum se ouvir “quero encontrar o amor”, como se o mesmo fosse algo palpável, pudesse ser visualizado em microscópio, estivesse ali diante de nós como um poste. Não. O amor não se encontra, de modo que alguém sai por aí gritando “Olhem, encontrei o amor! Agora é meu! Quer um pedaço?Acredito que Ele brota de dentro de nós, nos envolve, e ao mesmo tempo é maior do que nós. Transcende todo e qualquer entendimento, desafia nossa própria razão de tempo e espaço, mas não fica somente por aí. O amor não é desprovido de prática, ou seja, exige na maioria das vezes atitude por parte daquele que o “possui”. Não ficaria em paz, aquele em cujo coração habita o amor, em ver o próximo passando por necessidades, em meio às angústias e não tomar nenhuma atitude para lhe prover o alimente necessário. Em suma, quem ama, se incomoda com o sofrimento alheio, se põe no lugar do outro. Nunca é egoísta. O amor impele o ser humano a viajar para dentro de si e para dentro do outro.

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